quinta-feira, 8 de setembro de 2011

A Árvore da Vida

Fui assistir “A Árvore da Vida” e não pude deixar de manifestar a imensidão que este filme me fez sentir. Ainda sinto como andando com os pés a um palmo acima do chão.

Enquanto algumas pessoas sussurravam ao final do filme: “Graças à Deus que acabou”, fiquei pensando, “será que perdemos a capacidade de VER? A capacidade de compreender?”. Talvez essa reação se deva ao fato de que este não é apenas um filme, mas sim uma poesia, um estado de oração. Arrisco a dizer que é quase um mito. E se digo isso é porque estudei sua linguagem.

Os pares de opostos que salpicam por todo o filme como raios de sol sobre as árvores: Pai-Mãe. Amor-Ódio. Inocência-Malícia. Perdão-Ressentimento. Céu-Mar. Água-Fogo. Oceano-Deserto ... Todas facetas do Absoluto, sem as quais seria impossível conhecer, compreender e, por fim, transcender.

E toda a forma como a narrativa foi construída me levou à mesma conclusão, repleta de metáforas e simbologias que, unidas dentro de um contexto, criam sentidos em camadas ampliando a cada passo nossa compreensão do todo.
Fonte: Nasa
E esse todo é tão rico que não pode ser verbalmente descrito. Uma imagem vale por mil palavras. A música também. Com tão pouco texto, é riquíssimo em mensagem, sentimentos, informação, insights. Transporta-nos do micro ao macro em segundos. Do centro da alma humana ao centro da energia cósmica divina e de volta ao coração do homem. Mas existe esta distinção? Ou ela foi criada por nós? Imaginamos essa energia criadora que chamamos Deus longe. Tão longe que é capaz de nos abandonar aleatoriamente, sendo bons ou maus. Mas nos damos conta de que tudo é Deus. Somos sua vibração. Cada pequeno gesto, atitude, cada minúscula partícula da criação, tudo faz parte do mesmo. E se a obra divina é belíssima, a obra humana também pode ser, desde que reflita a outra, imagem tão bem simbolizada nos prédios que espelham o azul do céu.

Nosso destino é o encontro com o oceano, nosso ponto de chegada é a luz. No fundo, somos todos como os girassóis, sempre voltados para esta energia criadora e o mais importante: apenas pelo amor desviamos do escuro e nos tornamos parte desta grandeza belíssima e tão sofisticada de sentidos que abrange a vida e tudo o que a cerca.

Palmas para esta obra de arte ousada e tão sensível de Terrence Malick, que chega a ser um mito do amor divino e humano.