quarta-feira, 30 de janeiro de 2013

O que o consumo revela sobre nós

Os dados divulgados pela Rede da Pegada Global (Global Footprint Network - http://www.footprintnetwork.org) nos mostra que, em 2011, nós precisamos de 170% da Terra para atender as demandas humanas. Isso significa que durante um ano consumimos recursos em uma velocidade tal que precisaríamos de quase 2 planetas para produzir o que utilizamos.
 


E este número vêm crescendo ano a ano. A questão da sustentabilidade ambiental se torna óbvia com essa situação, já que se continuarmos neste ritmo, logo não teremos mais recursos suficientes para nos sustentar e manter a vida no planeta.

Mas a questão é mais profunda. O que esses dados alarmantes estão dizendo sobre nós?
As pessoas criaram uma consciência do descartável. Arranhou? Quebrou? Não é o último da linha? Não tem problema, compro outro. O artista Chris Jordan, citado em outro post deste blog em março de 2011, criou fotos impressionantes das montanhas de lixo que estamos criando no planeta (a foto abaixo é um exemplo com celulares que viram lixo ano-a-ano).



Mas o problema começa já bem cedo. Pesquisas recentes mostram que a grande maioria do consumo começa com os pedidos das crianças aos pais por causa da publicidade nas TVs e outras mídias.

Conversando com grupos diferentes de amigos por todos os lados, surge sempre o mesmo, que tenho certeza você também já ouviu.

É muito comum vermos em nossa própria família ou ouvir dos amigos sobre como as crianças estão cada vez mais exigentes e frequentes nos pedidos de brinquedos, acessórios e equipamentos de tecnologia. Aniversários são o auge do absurdo, onde montanhas de presentes se acumulam e as crianças abrem cada um já pensando o que será o próximo. Resultado, o valor dado ao que se recebe perde-se no mar de entulhos. Sem falar na riqueza da infância que está cada dia mais distante da realidade das crianças. No duro dia-a-dia, os pais acabam vencidos pelo cansaço e trocando qualquer coisa por um pouco de paz.

Porém, o Instituto Alana nos alerta:

“Até doze anos, as crianças não possuem a capacidade para compreender o caráter persuasivo das mensagens publicitárias que as atingem diariamente nos meios de comunicação. O resultado disso são os altos índices de violência na juventude, obesidade infantil, erotização precoce, estresse familiar e tantos outros problemas.”

Por que temos tanta necessidade de ter coisas? De comprar o modelo mais moderno? De ter todas as cores e texturas da estação?

Essa montanha de coisas externas dispersa a atenção e esconde aquilo que está dentro de nós: nosso vazio interno. Há tanto tempo que nos esquecemos de olhar para dentro que suprimos nossas carências com coisas que nunca nos satisfazem porque ao adquirir o último notebook, ele já estará obsoleto e já estaremos pensando em como comprar o próximo.

Se tivéssemos mais união e relacionamento humano, mais rituais e conteúdo, talvez precisássemos consumir menos. O mundo está carente de humanidade. As pessoas são mais amigas dos equipamentos que do seu vizinho.

Claro que a tecnologia é importante, os objetos são importantes. Eu, como designer, mais que ninguém os defendo. Mas não podemos nos esquecer que eles são apenas ferramentas para nos auxiliar a viver com mais dignidade, criatividade e conforto e não a essência sobre a qual devemos nos voltar virando as costas para o que nos é mais caro: os seres humanos, os sistemas de vida e o meio ambiente sem os quais, estes sim, não podemos nem viver nem ser felizes.

segunda-feira, 7 de janeiro de 2013

A Beleza da Vida de Pi e de todos nós


Como muito poucos, o filme As Aventuras de Pi (em inglês A Vida de PiLife of Pi), tocou o âmago da minha alma. Após assisti-lo, fiquei até a madrugada acordada, com suas imagens estonteantes pairando em meus pensamentos e abrindo, como chaves, portas de conhecimento em minha mente. Fiquei refletindo sobre muitas coisas e concluí que este filme representa a Beleza em seu sentido mais elevado.
 
 

Não apenas pelas imagens marcantes, perfeitamente produzidas e de uma beleza visual incrível do diretor Ang Lee, mas pela beleza do conjunto da obra, das mensagens ocultas que se revelam aos poucos, da poesia e riqueza das conexões e percepções que a narrativa verbal e visual nos oferece para nos levar à compreensão do universo grandioso que o filme revela. Assim como na estória contada no início, o filme é como o universo ineditamente revelado pela boca do Deus Krishna.
Penso que a beleza verdadeira é a que nos permite ver, avaliar e compreender a nós mesmos como corpo, mente e espírito de forma holística, sistêmica, integrada. Que nos permite entender a vida em uma dimensão além da material, a partir de um conjunto de inteligências que ultrapassa a lógica e inclui a espiritualidade, a intuição, os sentimentos e emoções, além de nossa divindade.


Mais fácil, porém doloroso, é viver a vida gratuitamente, trabalhando, comendo, divertindo-se até ir dormir e recomeçar, sem qualquer propósito. Mas viver sentindo nosso eu mais profundo em contato com a energia que sustenta o universo, olhando a vida como uma rede dinâmica, cheia de sentido e propósito e que ultrapassa a visão do ser humano como mais um ser vivo lutando por sua sobrevivência física, essa é uma arte, uma magia e uma sabedoria que poucos possuem, mas que pode mudar os rumos de nossa existência.

Sair da visão do homem e ver a vida da perspectiva do Criador, então a beleza é revelada.

Fico pensando em como a categoria de Beleza foi distorcida pela nossa percepção ocidental, mas fico divinamente grata por ver que há pessoas ainda capazes de compreendê-la e transmiti-la de forma tão profunda, o que me ajuda a mudar meus próprios pontos de referência.
 

 

No Zohar, talvez o livro mais importante que forma a Kabbalah, o mestre ensina os discípulos:

“ A beleza é como o sol, lançando sua luz e calor sobre tudo, sem exceção nem diferença. A beleza emana tanto da Sabedoria quanto da Graça. É a mais alta expressão da vida e da perfeição moral. E a beleza, em sua expressão mais sublime, é o Rei Supremo”.
(Zohar, o livro do esplendor)

Começo esse caminhar por 2013 me esforçando por ver a vida a partir deste ângulo de beleza mais sublime, capaz de iluminar não apenas a minha própria alma, mas de lançar sua luz por tudo o que toca. Espero que você faça o mesmo. Que o sol se levante!
 

quarta-feira, 2 de janeiro de 2013

2013 chegou, e agora?

2012 se foi, o mundo continua mais vivo e dinâmico que nunca, 2013 está aí diante de nós, e agora?

Segundo os cientistas, a partir de 21/12/2012 o sol de nosso sistema solar entrou em alinhamento com o centro de nossa galáxia. Como vivemos na ponta de uma das espirais, até então não tínhamos acesso à energia emitida de uma estrela gigante que se encontra nesse centro. Agora temos. Essa energia pode reconfigurar todo o sistema de vida do planeta e essa mudança já começou pelos campos eletromagnéticos, o que pode alterar até mesmo a nossa forma de pensar.



Muitas religiões, místicos e espiritualistas dizem que estamos entrando em uma nova Era (Era de Ouro, Era de Aquário, Era de Luz, etc.) e que aqueles que não entrarem em sintonia com a nova consciência exigida para se viver em paz não poderão sobreviver.

Verdade ou mentira, o que sabemos é que a nossa forma atual de vida precisa mudar. Na Carta da Terra - documento criado no início do século XXI por personalidades internacionais e que nos alerta para os riscos que a humanidade moderna corre - está escrito:

“Como nunca antes na história, o destino comum nos conclama a buscar um novo começo. Isso requer uma mudança na mente e no coração. Requer, outrossim, um novo sentido de interdependência global e de responsabilidade universal. Devemos desenvolver e aplicar com imaginação a visão de um modo de vida sustentável nos níveis local, nacional, regional e global”.

Isso significa compreender em primeiro lugar que não estamos isolados, que todos dependemos uns dos outros e somos parte de um único todo e entender isso é fundamental para a nossa sobrevivência. Em segundo lugar nos propõe a mudança inevitável que deve ocorrer na mente e no coração. Nossa forma de pensar, imaginar e sentir o mundo pode transformá-lo. Hoje já é comprovado cientificamente que quando criamos coerência nos vínculos entre o coração e a mente a partir de sentimentos como a calma, o amor e a compaixão, alteramos fisicamente o mundo à nossa volta de maneira positiva.

A energia que passamos a receber do centro de nossa galáxia nos favorece e beneficia nesse sentido. É uma vantagem com a qual contamos para o sucesso deste novo caminhar.

Leonardo Boff, um dos criadores da Carta da Terra, sabiamente nos ensina em seu recente livro publicado “Sustentabilidade: O que é – O que não é”:

“Hoje precisamos de imaginação para projetar não apenas um outro mundo possível, mas um outro mundo necessário no qual todos possam caber, hospedar uns a outros e incluir toda a comunidade de vida sem a qual nós mesmos não existiríamos. Para música nova, novos ouvidos, e para agir diferente devemos sonhar diferente”.

Que este ano seja, portanto, um recomeço, uma renovação do sonhar, do pensar, do sentir e do agir, uma ampliação de nossa consciência sobre a integração e a interdependência de todo o sistema de vida e do universo para que iniciemos um caminho melhor na criação de um novo mundo, como desejamos e precisamos ter.

Feliz 2013!