segunda-feira, 16 de junho de 2014

Universo de um ângulo sistêmico

“A Terra, nosso lar, está viva com uma comunidade de vida única.”
Carta da Terra, preâmbulo

A visão de que o planeta Terra não era simplesmente um monte de terra, montanhas e rios onde nós vivemos, mas sim uma grande geradora dos seres e mantenedora de um equilíbrio próprio que nos mantém vivos se solidificou após a década de 70, quando os astronautas viram e fotografaram a imagem do planeta azul do espaço. A proposta da teoria de GAIA pelo médico e bioquímico da NASA James Lovelock também ampliou a nossa visão sobre o planeta em que vivemos.

“Definimos a Terra como Gaia porque se apresenta como uma entidade complexa que abrange a biosfera, a atmosfera, os oceanos e o solo; na sua totalidade, esses elementos constituem um sistema de realimentação que procura um meio físico e químico ótimo para a vida nesse planeta.”
James Lovelock, Gaia, 1989


Foto: Hubble, NASA

Hoje, a física quântica e a nova cosmologia defendem que existe uma unidade do universo por causa dos mesmos elementos que o compõe.

“Todos os seres, das estrelas mais antigas, passando pelo sol e chegando à Terra e aos nossos corpos, somos todos feitos pelos mesmos elementos físico-químicos que maduraram no interior das grandes estrelas vermelhas, de bilhões de anos atrás, que, ao explodirem, lançaram tais elementos (cerca de cem) em todas as direções. Somos feitos do pó das estrelas”.
Leonardo Boff, Sustentabilidade, O que é – O que não é, 2012

Essa compreensão amplia a nossa consciência sobre a vida como um todo e nos permite ver de forma muito clara a conexão que existe entre todas as coisas e em diversos níveis. O Universo e a vida operam de forma sistêmica.

A partir deste ponto de vista, podemos compreender porque a medicina atual ainda é tão falha. O excesso de especialização e fragmentação nos fez perder a compreensão do todo. Claro que é importante compreender as partes. Mas, se neste processo se perder a visão do todo, a compreensão da situação estará incompleta.



É simples compreender isso observando nosso próprio corpo. Não somos apenas um aparelho respiratório ou circulatório, que funciona igualmente em todos nós. Somos indivíduos integrais e únicos, com corpos únicos e respostas únicas aos estímulos externos e internos, ou seja, com um funcionando interno interligado ao ambiente externo.

Um problema no fígado não está isolado do restante do organismo, sua origem pode estar em diversos pontos do sistema corporal ao mesmo tempo. Além disso, pode estar vinculado às situações de um momento específico da vida de uma pessoa e suas emoções vinculadas. Assim, se um médico tem conhecimento apenas sobre o aparelho digestivo sem contemplar o restante, sua capacidade de reequilibrar o organismo estará comprometida.

Tudo o que entra também age no sistema como um todo. Quando tomamos um ‘inocente’ comprimido para dor de cabeça ou um antialérgico, ele estará interferindo em diversas partes do organismo, não agindo apenas no local afetado, o que pode trazer outras consequências.

Ao mudar o foco de atenção do corpo para o planeta, se torna ainda mais evidente a interdependência e a conexão sistêmica entre todos os seres. As mudanças climáticas tornaram isso muito claro para todos nós.

Um vídeo valioso, que têm feito muito sucesso na internet, vale mais do que um grande discurso para entender como isso acontece na natureza:

Como Lobos mudam rios