domingo, 20 de março de 2011

O que vemos não é o mundo e sim um mundo

Teorias recentes sobre a cognição humana dizem que esta é mais a contínua atividade de “criar um mundo” por meio do processo de viver do que a representação de um mundo que existe de maneira independente.
Isso significa dizer, segundo Fritjof Capra (A Teia da Vida) que o que percebemos é, em grande medida, condicionado pelo nosso arcabouço conceitual e contexto cultural.
É fato que até mesmo nossa linguagem influencia na forma como vemos o mundo. Isso explica porque os aborígenes e muitos povos indígenas viam tudo à nossa volta, seres humanos, animais, cosmos e seres inanimados como parte de uma e única coisa.
Uma mulher aborígene disse certa vez em entrevista à televisão:
 Com sua visão, você me vê sentada em uma rocha,  mas eu estou sentada no corpo de meu ancestral. A terra, seu corpo e meu corpo são idênticos.

Figura 01


Nossa educação e vivência “civilizadas”, que herdamos do capitalismo, iluminismo e era industrial, nos condicionaram a ver o mundo cada vez mais segmentado, onde cada coisa é vista, estudada e classificada da maneira mais específica e isolada possível. Até mesmo nossas universidades e profissões refletem essa segmentação.
Penso que esta é uma das mais belas mensagens do filme Avatar (Figura 01). Essa separação está nos matando aos poucos.
Como diz o mestre sufi Llewellyn Vaughan-Lee:
Nosso mundo atual testemunha não o divino, mas nosso excesso de confiança, ambição, ilusões de poder. Em nosso desejo obsessivo de conforto material e de ter mais e mais coisas, estamos saqueando a Terra, como se ela fosse uma simples mercadoria a ser explorada, e temos profanado o mundo. Vivemos como se a vida fosse algo separado de nós mesmos – algo que podemos dominar e controlar – mais do que parte de nosso ser verdadeiro.
Vaughan-Lee possui um projeto que visa promover uma consciência global de unidade: www.workingwithoneness.org

2 comentários:

  1. É isso aí, Clau, essa é uma verdade - a da unidade na multiplicidade - sabida há muito, mas infelizmente esquecida na nossa sociedade. Os sufis tem coisas maravilhosas a respeito. Goethe também desenvolveu toda o seu conhecimento científico em cima de - mais ou menos - não basta observar, categorizar, entender, é preciso tornar-se Um (o mesmo, único) com o "objeto" de seu estudo para entender a sua verdadeira natureza. Ou seja, quando o racional dá espaço ao cognitivo, se está mais perto de compreender... sentindo e vivenciando. A realidade, hoje em dia, é mais uma construção mental que vivencial. Pena.

    ResponderExcluir
  2. Oi Cláudia, obrigada por compartilhar suas idéias. A boa notícia é que as pessoas estão cada vez mais expandindo a maneira de pensar e adquirindo uma visão mais integrada e sistêmica da vida. Tudo tem o seu tempo. Goethe foi uma personalidade maravilhosa e há muito mais riqueza em sua obra do que conhecemos. Obrigada, Cláu

    ResponderExcluir

Obrigada por sua visita e participação!

Por questões de segurança e integridade do blog, sua mensagem será lida antes de ser publicada.

Se você gostou do projeto e do blog, siga-nos e ajude a divulgar a ideia.
Até breve,

Cláudia Nascimento