“A Terra,
nosso lar, está viva com uma comunidade de vida única.”
Carta da Terra, preâmbulo
Carta da Terra, preâmbulo
A visão de
que o planeta Terra não era simplesmente um monte de terra, montanhas e rios
onde nós vivemos, mas sim uma grande geradora dos seres e mantenedora de um
equilíbrio próprio que nos mantém vivos se solidificou após a década de 70,
quando os astronautas viram e fotografaram a imagem do planeta azul do espaço.
A proposta da teoria de GAIA pelo médico e bioquímico da NASA James Lovelock também
ampliou a nossa visão sobre o planeta em que vivemos.
“Definimos a
Terra como Gaia porque se apresenta como uma entidade complexa que abrange a
biosfera, a atmosfera, os oceanos e o solo; na sua totalidade, esses elementos
constituem um sistema de realimentação que procura um meio físico e químico
ótimo para a vida nesse planeta.”
James Lovelock, Gaia, 1989
James Lovelock, Gaia, 1989
Foto: Hubble, NASA |
Hoje, a
física quântica e a nova cosmologia defendem que existe uma unidade do universo
por causa dos mesmos elementos que o compõe.
“Todos os
seres, das estrelas mais antigas, passando pelo sol e chegando à Terra e aos
nossos corpos, somos todos feitos pelos mesmos elementos físico-químicos que
maduraram no interior das grandes estrelas vermelhas, de bilhões de anos atrás,
que, ao explodirem, lançaram tais elementos (cerca de cem) em todas as
direções. Somos feitos do pó das estrelas”.
Leonardo Boff, Sustentabilidade, O que é – O que não é, 2012
Leonardo Boff, Sustentabilidade, O que é – O que não é, 2012
Essa
compreensão amplia a nossa consciência sobre a vida como um todo e nos permite
ver de forma muito clara a conexão que existe entre todas as coisas e em
diversos níveis. O Universo e a vida operam de forma sistêmica.
A partir
deste ponto de vista, podemos compreender porque a medicina atual ainda é tão
falha. O excesso de especialização e fragmentação nos fez perder a compreensão
do todo. Claro que é importante compreender as partes. Mas, se neste processo
se perder a visão do todo, a compreensão da situação estará incompleta.
É simples
compreender isso observando nosso próprio corpo. Não somos apenas um aparelho
respiratório ou circulatório, que funciona igualmente em todos nós. Somos
indivíduos integrais e únicos, com corpos únicos e respostas únicas aos
estímulos externos e internos, ou seja, com um funcionando interno interligado
ao ambiente externo.
Um problema
no fígado não está isolado do restante do organismo, sua origem pode estar em
diversos pontos do sistema corporal ao mesmo tempo. Além disso, pode estar
vinculado às situações de um momento específico da vida de uma pessoa e suas
emoções vinculadas. Assim, se um médico tem conhecimento apenas sobre o
aparelho digestivo sem contemplar o restante, sua capacidade de reequilibrar o
organismo estará comprometida.
Tudo o que
entra também age no sistema como um todo. Quando tomamos um ‘inocente’
comprimido para dor de cabeça ou um antialérgico, ele estará interferindo em
diversas partes do organismo, não agindo apenas no local afetado, o que pode
trazer outras consequências.
Ao mudar o
foco de atenção do corpo para o planeta, se torna ainda mais evidente a interdependência
e a conexão sistêmica entre todos os seres. As mudanças climáticas tornaram
isso muito claro para todos nós.
Um vídeo valioso, que têm feito muito sucesso na internet, vale mais do que um grande discurso para entender como isso acontece na natureza:
Como Lobos mudam rios
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